A exemplo do ex-presidente, o coronel Jorge Eduardo Naime, ícone da tentativa de golpe, também recorre ao dinheiro da legião da extrema direita
Canalha ou não, o patriota brasileiro usa o suposto amor ao país para encher o cofre. Funciona. Repare nesse episódio narrado pelo repórter Alan Rios, do “Metrópoles”:
Símbolo da direita após o 8 de janeiro, o coronel Jorge Eduardo Naime tem recebido ajuda financeira de “patriotas” sensibilizados pelos pedidos de Pix da esposa do militar nas redes sociais. Mariana Fiuza Taveira Adorno Naime diz ter “dívidas urgentes que precisam ser pagas”, vende a imagem do marido como um herói “preso político” e arrecada doações on-line, enquanto o policial, atualmente réu, não pode usar as redes.
A família do coronel, em nome do patriotismo, aproveita para fazer uma reforma na mansão, na área de Vicente Pires, no Distrito Federal, como informa a reportagem. A piscina está ficando uma beleza, observam os vizinhos.
Esse expediente virou rotina na vida dos patriotas ligados à tentativa de golpe de Estado. O capitão Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, divulgou ter amealhado R$ 17 milhões em doações dos seguidores. A grana verde e amarela seria usada para bancar as despesas com advogados. O próprio velho milico-político, porém, divulgou que aplicou em fundos de investimentos parte da bufunfa.
Doado não é roubado, dizem os fiéis e generosos bolsonaristas que bancam a boa vida do “mito”.
O Pix como refúgio do canalha também tem a sua versão “ao vosso reino, nada”.
Repare no que aconteceu com o humorista Nego Di, defensor radical do ex-presidente. Depois de sabotagem explícita às ações dos governos federal e estadual na enchente de Porto Alegre, o representante do bolsonarismo propagou, na ocasião, que havia doado, via Pix, R$ 1 milhão às vítimas. A autopropaganda bombou.
Recentemente, a polícia gaúcha descobriu que era mentira do influenciador. O comprovante exibido nas redes sociais havia sido adulterado. O Pix havia sido de apenas R$ 100.
Di está preso. Não pela canalhice do Pix — responde a processos por 370 crimes de estelionato até o momento.
Aqui nas linhas saideiras, puxo o filósofo do Méier para a resenha. Segundo Millôr Fernandes, o patriotismo é o último refúgio do canalha em outras plagas; aqui no Brasil, alto lá, é o primeiro. Peço minhas escusas, doutor Johnson, pelo mau jeito de Pindorama.