Mulheres ocupam 90% de empregos domésticos no Brasil: quais são os desafios?
A realidade do trabalho doméstico no Brasil é marcada por uma presença feminina predominante. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de dezembro de 2023, das 6,08 milhões de pessoas ocupadas nesse tipo de trabalho, 91,1% são mulheres. Este cenário levanta questões importantes sobre as condições de trabalho e os desafios enfrentados por essas trabalhadoras.
O emprego doméstico é aquele realizado no âmbito residencial da pessoa ou da família, sem gerar lucro para a parte empregadora. Isso inclui atividades como faxina, cozinhar, cuidado com crianças e idosos, além de serviços de limpeza e manutenção. A maioria dessas trabalhadoras é responsável por atender às necessidades dos patrões, muitas vezes sem direitos básicos garantidos.
A presença feminina no trabalho doméstico não é um fenômeno isolado. Na sociedade brasileira, a mulher é frequentemente desempenhadora de papéis tradicionalmente associados à família e ao lar. No entanto, essa realidade esconde uma série de problemas, como a falta de direitos trabalhistas, a exploração e o baixo salário. Muitas dessas trabalhadoras enfrentam condições precárias de trabalho, sem acesso a benefícios, como férias remuneradas, FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e seguro-desemprego.
O debate sobre as trabalhadoras domésticas é um tema complexo e multifacetado. Além da presença feminina predominante, há também questões relacionadas à exploração e ao trabalho escravo. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cerca de 4 milhões de pessoas em todo o mundo estão em situação de trabalho forçado. No Brasil, essa realidade é especialmente grave, com muitas trabalhadoras domésticas sendo submetidas a condições degradantes e abusivas.
A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados promoveu um debate sobre as trabalhadoras domésticas, buscando aproximar a sociedade e os movimentos de mulheres dos trabalhos realizados pela comissão. O encontro foi sugerido pela presidente da comissão, deputada Célia Xakriabá (PSOL-MG), e contou com a presença de especialistas e representantes de organizações que defendem os direitos das trabalhadoras domésticas.
A discussão sobre as condições de trabalho e os desafios enfrentados pelas trabalhadoras domésticas é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. É preciso reconhecer o valor do trabalho dessas mulheres e garantir que elas tenham direitos básicos, como um salário justo, férias remuneradas e acesso a benefícios trabalhistas. Além disso, é necessário combater a exploração e o trabalho escravo, garantindo que as condições de trabalho sejam seguras e respeitantes à dignidade das trabalhadoras domésticas.