Presidente do STF também relatou, em discurso no Congresso, a história que mais o marcou a respeito dos ataques
O 8 de janeiro de 2023 deve representar o início de “um recomeço” no Brasil, disse, nesta segunda-feira (8), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, na cerimônia no Congresso sobre um ano dos ataques.
Barroso disse entender que o Brasil ainda é um país com desigualdades, mas que isso não justifica o que ocorreu há um ano.
Ninguém tem o monopólio do patriotismo, ninguém tem o monopólio do amor ao Brasil
O ministro relatou, ao longo de sua fala, uma das histórias que mais o abalou dentre todas que envolvem os ataques: “Após marretadas na parede muitos dos invasores se ajoelhavam no chão e rezavam fervorosamente. De onde, Deus do céu, poderá ter saído essa combinação implausível de religiosidade com ódio, violência e desrespeito?”, indagou. Em sua visão, há um “desencontro espiritual” em cenas como essa.
Para Barroso a depredação da sede dos Três Poderes não foi isolada, mas sim um ato “meticulosamente preparado”, mas que mesmo assim a destruição física dos prédios “não foi capaz de abalar o que cada um dos poderes simboliza”.
O ministro aproveitou sua fala para também homenagear e agradecer as respostas adotadas pelos presidentes dos Três Poderes, assim como dos diferentes setores da sociedade civil e imprensa a despeito dos ataques de 8 de janeiro. Para ele, tais respostas demonstram que “já superamos o atraso”.
“Que venha um tempo de pacificação no qual as pessoas que pensem de maneira diferente possam se sentar na mesma mesa Que todos os brasileiros possam se unir em torno dos denominadores comuns que estão na Constituição”, finalizou.
Outros discursos
No evento “Democracia Inabalada” estiveram presentes autoridades de outros Poderes, como: Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República; Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado; Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE); e a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT).
Veja, a seguir, um trecho de seus discursos.
Lula: Perdão soaria como impunidade e salvo-conduto para novos atos terroristas
O perdão soaria como impunidade e salvo-conduto para novos atos terroristas, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Todos aqueles que financiaram, planejaram e executaram a tentativa de golpe devem ser exemplarmente punidos. Não há perdão para quem atenta contra a democracia, contra seu país e contra seu próprio povo. O perdão soaria como impunidade e impunidade como salvo-conduto para novos atos terroristas no nosso país.”
Veja o discurso de Lula na íntegra.
Moraes: Fortalecimento da democracia não permite confundir paz com impunidade ou esquecimento, diz Moraes
O fortalecimento da democracia não permite confundir paz com impunidade ou esquecimento, disse o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
“Hoje também é o momento de reafirmar para o presente, que somos um único país. Somos um único povo. E, que a paz e a união de todos os brasileiros e brasileiras, devem estar no centro das prioridades dos Três Poderes e de todas as instituições. Mas, o fortalecimento da democracia não permite confundirmos paz e união com apaziguamento e esquecimento.”
Veja o discurso de Moraes na íntegra.
Pacheco: Só com a democracia sobrevive a liberdade
Em sua fala na cerimônia, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), associou os conceitos de liberdade e democracia.
“O ser humano somente pode ser livre quando há democracia, e a democracia somente existe, ministro Alexandre de Moraes, quando se respeita o processo eleitoral. Desqualificar e desacreditar o processo eleitoral não ofende apenas as instituições republicanas ou a Justiça Eleitoral, ofende também, de uma maneira ainda mais grave, o povo brasileiro.”
Veja o discurso de Pacheco na íntegra.
Fátima Bezerra: “Sem anistia”
A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT) defendeu, nesta segunda-feira (8), a “devida punição aos que ousaram tentar destruir a democracia”.
“Com coragem e lucidez, é necessário afirmar, sim: sem anistia.”