A fertilidade regenerativa é uma mudança de mentalidade sobre como o solo, as plantas e a água se relacionam no campo. Conforme expõe o empresário Aldo Vendramin, quando o produtor enxerga a propriedade como um ecossistema integrado, a lavoura deixa de apenas extrair nutrientes e passa a reconstruir a capacidade natural da terra de produzir com equilíbrio. Assim, a agricultura regenerativa não se limita a manter a fertilidade, mas trabalha para aumentá-la a cada safra.
Nesse contexto, a fertilidade regenerativa rompe com o modelo de uso intensivo e linear de insumos. O foco passa a ser a construção de matéria orgânica, o estímulo à vida microbiana, a proteção da estrutura física do solo e o uso inteligente da água. Leia mais:
Fertilidade regenerativa: agricultura que reconstrói o solo vivo
Fertilidade regenerativa começa com o reconhecimento de que o solo é um organismo em constante transformação, e não um simples suporte para raízes. De acordo com Aldo Vendramin, a construção de um solo vivo, profundo e bem estruturado depende de decisões diárias sobre preparo mínimo, cobertura permanente, rotação de culturas e manejo de resíduos. Quando o produtor protege a superfície com palhada e reduz a movimentação excessiva, preserva agregados e evita erosão.

Ao mesmo tempo, a diversificação de plantas aumenta a complexidade biológica do sistema. Cada espécie contribui com tipos diferentes de raízes, exsudatos e resíduos, alimentando uma teia microbiana mais rica. Essa vida no solo mobiliza nutrientes, melhora a porosidade, amplia a capacidade de infiltração de água e reduz compactações. Desse modo, a fertilidade regenerativa não resulta apenas da adição de insumos, mas da interação entre biologia, física e química, o que torna o sistema mais estável.
Manejo da água, biodiversidade e clima
Fertilidade regenerativa está diretamente ligada ao uso inteligente da água, recurso cada vez mais crítico no agro. Para o fundador Aldo Vendramin, solos bem estruturados e ricos em matéria orgânica funcionam como esponjas, aumentando a infiltração de chuva e a retenção de umidade disponível para as plantas. Em vez de enxurradas que carregam solo e nutrientes embora, a água passa a penetrar em profundidade, recarregando o perfil e reduzindo a necessidade de irrigação ou replantio em veranicos.
Além disso, a manutenção de cobertura vegetal ao longo de todo o ano diminui a amplitude térmica do solo, evitando aquecimento excessivo e perda de umidade. Esse microclima mais estável favorece raízes ativas por mais tempo e reduz o estresse das plantas em períodos críticos. A fertilidade regenerativa, portanto, não se limita à reposição de nutrientes; ela cria condições físicas e biológicas para que cada milímetro de chuva seja melhor aproveitado.
Estratégia econômica e gestão no agro
Fertilidade regenerativa também é uma decisão de gestão, que impacta custos, riscos e planejamento de longo prazo. Assim como demonstra Aldo Vendramin, um solo que melhora a cada safra reduz a necessidade de correções emergenciais, adubações corretivas pesadas e operações extras de replantio. Com o tempo, a fazenda passa a operar em um patamar mais previsível, com menor volatilidade de produtividade e maior eficiência no uso de insumos.
Do ponto de vista financeiro, a transição para sistemas regenerativos exige planejamento e etapas bem definidas. Nem sempre é possível mudar tudo de uma vez; por isso, muitas propriedades começam por talhões piloto, testando rotação ampliada, coberturas mais diversas ou redução gradual de revolvimento de solo. Esse processo permite aprender com erros, ajustar manejos e construir indicadores próprios. A fertilidade regenerativa, então, deixa de ser apenas um conceito e se torna um conjunto de rotinas integradas à gestão.
Em última análise, a fertilidade regenerativa representa um caminho sólido para unir produtividade, estabilidade econômica e respeito aos limites do ecossistema agrícola. Como elucida Aldo Vendramin, tratar o solo como patrimônio vivo, e não como insumo descartável, é decisão estratégica que impacta diretamente o futuro do negócio rural. Ao reconstruir a capacidade natural da terra de produzir, o produtor ganha resiliência frente ao clima, reduz custos estruturais e se posiciona de forma competitiva.
Autor: Latos Simys
